A polêmica envolvendo o Programa Mais Médicos e a saída dos Cubanos acabou dividindo opiniões, também entre médicos no Maranhão. Um dos que usaram as redes redes sócias para se posicionar foi o médico Yglésio Moyses, ex-diretor do Socorrão I, e deputado estadual eleito, nas últimas eleições no Maranhão
Por Yglésio Moyses
Mais Médicos é o programa onde houve o maior contraponto possível entre uma sociedade que buscar assistir as pessoas na sua integralidade, em que, mesmo com a pobreza extrema do país, consegue ter uma expectativa de vida de mais de 80 anos e analfabetismo ZERO.
O “rival” do contraponto? Um colosso continental de PIB de 2 trilhões de dólares, onde crianças ainda morrem de diarréia no Sertão e na Amazônia, onde 28% da população é analfabeta funcional, mas mesmo assim a nossa sociedade é “mais avançada” e nossa medicina curativa, tantas vezes arrogante, é capaz de delimitar quem é ou não médico, mas não ataca a proliferação de faculdades de fim de semana, das Vassouras da vida, não ataca a falta de comprometimento social de uma geração crescente de profissionais que viraram vendedores de cosméticos e de tratamentos picaretas no Instagram, pra encher os bolsos cultivando esperanças em gente mentalmente atordoada com a opressão estética dos tempos modernos.
Graças a Deus que tínhamos os cubanos pra fazer o “serviço sujo”, nas palavras de alguns colegas. Agora, espera-se que a galera do plantão do Instagram mexa a bundinha e se digne a trabalhar em Belágua, em Água Doce do Maranhão, em tantos outros rincões onde, apesar da estrutura péssima, existem seres humanos que precisam de cuidado, de conforto e do efeito placebo que um bom atendimento médico, cubano ou não , é capaz de gerar em vítimas acima de tudo, da desesperança.
Bolsonaro deu um triplo carpado no abismo:
1) revalidar o diploma: o currículo cubano não tem as mesmas habilidades, a medicina é outra lá, mas não deixa de ser Medicina, porque a finalidade é CURAR.
2) pagar o salário integral: os médicos cubanos de modo geral, tem sentimento de nacionalismo e não são formados pra andarem de Audi, Land Rover ou Toyota Hilux. Essas pessoas pensam diferente porque as aspirações são diferentes.
3) repassar individualmente o salário: acho válido, desde que fosse pactuado um percentil justo do convênio pra seguir fazendo formação médica e não 100%. Programas de Estado não são CLT. Eles precisam de verba, Cuba é uma Ilha de Miséria.
Dilma falhou na gênese do projeto, mas Bolsonaro foi um completo irresponsável ao adotar essa comunicação belicosa pela arma social mais dura que temos hoje : o Twitter. Espero que esse erro de gestão seja contornado, e que ele seja reconhecido como o Presidente Ballubet du Rouet. Pra quem não lembra, Ballubet era o cavalo do jóquei Rodrigo Pessoa, que ao atravessar os obstáculos, sempre refugava!
Sigo torcendo a favor do Bolsonaro, não tem como desejar o mal ao país, mas essa do Mais Médicos foi extremamente irresponsável, como tantas outras decisões do nosso Trump versão Error4003.