A coerência de Mourão na ‘esquizofrenia de ditadores maus e bons’

 

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Vice-Presidente Hamilton Mourão/Foto: Reprodução

A senadora Eliziane Gama (PPS-MA), elogiou a postura do vice-presidente brasileiro Hamilton Mourão em meio recrudescimento da pressão em relação à crise na Venezuela.

Para a senadora, contrária ao regime adotado e defendido por Nicolás Maduro, as declarações de Mourão demonstra equilíbrio e coerência ao se posicionar contra intervenção no país vizinho e favorável a uma saída politicamente negociada.

“Em meio ao que está acontecendo, surge na verdade uma voz coerente, que é a voz do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, taxativamente contrário a uma intervenção militar na Venezuela. Agir a partir de conveniências ou interesses, sabe-se lá quais são, a gente nunca sabe qual o retorno, qual a repercussão, qual o resultado que isso pode ter ao final de tudo” afirma a senadora.

Eliziane questiona o que estaria por trás das reais intenções de Jair Bolsonaro e Donald Trump. Isto porque enquanto ambos demonizam Maduro, o presidente dos Estados Unidos elogia o ditador Norte-Coreano, Kim Jong-un, e o presidente do Brasil faz o mesmo com o ditador Paraguaio Alfredo Stroessner.

“Uma coisa é fato: ditador é ditador em qualquer lugar do mundo. O Kim, o Stroessner e o Maduro são igualmente ditadores” disse a senadora maranhense Eliziane Gama.

Ajuda Humanitária: Maduro diz que compra todo alimento que o Brasil quiser vender

 

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Nicolás Maduro durante pronunciamento em Caracas/Foto: Reprodução

O presidente da Venezuela Nícolas Maduro, na tarde deste sábado (23), durante pronunciamento em Caracas demonstrou todo seu descontamento principalmente com Estados Unidos, Brasil e Colômbia, por causa da ameaça de queda do regime venezuelano.

Maduro classificou de “traição” o apoio e ajuda humanitária dos países vizinhos e favoráveis ao  movimento, entre eles, o Brasil. Ao se referir aos alimentos enviados pelo governo bolsonaro, ele disse que os venezuelanos não são mau pagadores e estão dispostos a comprar todo alimento que o Brasil quiser vender.

“Estamos dispostos como sempre estivemos a comprar todo o arroz, todo o açúcar, todo leite em pó que vocês quiserem vender. (…) Não somos maus pagadores, nem mendigos, somos gente honrada e que trabalha. Querem o que? Trazer caminhões com leite em pó? Eu compro agora”, disse.

Fechamento da fronteira pela Venezuela ‘não é ato de agressão’

 

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General Hamilton Mourão (Vice-Presidente do Brasil) sobre fechamento da fronteira e pretensões de Trump em atacar a Venezuela/Foto: Reprodução

247 – Na contramão do discurso beligerante do governo Trump e de seu próprio governo, o vice-presidente Hamilton Mourão diz que o fechamento da fronteira pelo governo venezuelano é uma atitude que não representa qualquer agressão: “O fechamento da fronteira para nós não significa um ato de agressão. A Venezuela tem liberdade para fazer o que quiser”. Mourão defende em que “a questão da Venezuela tem que ser resolvida pelos venezuelanos”, em oposição aberta ao bolsonarismo sob o comando de Trump, que pretendem intervir no país vizinho.

As afirmações foram feitas numa entrevista à agência France Press (AFP), nesta quinta-feira (21). O vice-presidente brasileiro adotou um discurso moderado e conciliador: “Vejo essa reação [o fechamento da fronteira] simplesmente para impedir que ocorra esse processo de ajuda humanitária”. Para ele, a retórica agressiva dos americanos terá muita dificuldade de se transformar numa ação militar: “A ameaça está mais no campo da retórica do que na ação. Seria muito prematuro e fora de propósito os EUA realizarem uma intervenção militar dentro da Venezuela”.

As declarações de Mourão devem criar ainda mais arestas entre ele e o bolsonarismo, pois o governo está agindo freneticamente nos últimos dias em busca de uma confrontação com o governo Nicolás Maduro. Na entrevista ele descartou a possibilidade de Eduardo Bolsonaro ter alguma relevância na política externa brasileira: “O deputado federal Eduardo Bolsonaro foi aos Estados Unidos em um primeiro momento e estabeleceu alguns canais de comunicação. Mas obviamente esses canais informais, vamos dizer assim, acabaram sendo substituídos pelos canais normais da diplomacia”.

E, de maneira taxativa, ele descartou qualquer influência futura dos filhos de Bolsonaro no governo daqui para frente: “Agora vai chegar o momento em que cada um vai entender o tamanho da cadeira dele. A cadeira de deputado federal é uma, a cadeira de senador é outra e a cadeira de vereador é outra”.

Se Mourão tem uma mensagem de paz para a América Latina e a Venezuela, sua entrevista pode ser lida como mais uma declaração de guerra pelo clã Bolsonaro.

A íntegra da entrevista pode ser lida aqui.