“Tenho vontade de encher ele de porrada pra virar gente”, Alcione para Sérgio Camargo

 

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Cantora Alcione e Sérgio Camargo/Foto: Reprodução

A cantora Alcione mandou um recado para Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmare no governo Bolsonaro, durante a live da sambista Teresa Cristina, que passou fazer shows diários de sua casa durante a pandemia.

“Hoje eu vi aquela zé ninguém lá da Fundação Palmares. Ainda dou na cara dele para parar de ser um sem noção”. Em áudio vazado, Camargo chamou o movimento negro de “escória maldita” e Zumbi dos Palmares de “filho da puta” (…) A gente vê tanto sofrimento. Você vê os negros americanos naquela batalha, por causa daquele senhor que morreu com aquele filha da mãe com o joelho nele. A gente vê as coisas que acontecem no Brasil, com bala perdida e tudo. Então a gente vê uma pessoa da nossa cor falando uma besteira daquelas, tenho vontade de arrancar da televisão e encher de porrada pra virar gente”, disse Alciione.

Um aúdio de Sérgio Camargo vazou erepercutiu em vários veiculos de comunicação na terça-feira (2). Nele o presidente da Fundação Palmares diz que o movimento negro é “escória maldita” e Zumbi dos Palmares é um “filho da puta”.

O fim da Fundação Cultural Palmares

 

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Foto: Reprodução

Por Marivaldo Pereira

“[…] Atenção, secretárias do lar
Vamos parar
Tô gargalhando aqui
O Brasil vai se enrolar
Não saí da senzala
Apenas para limpar sua sala

Papo reto
O meu cabelo toca o teto
O poder
É preto
[…].”
(Cristiane Sobral e Ataque Beliz, Todo Poder ao Povo)

A nomeação do novo presidente da Fundação Palmares é mais um atentado à Constituição e ao povo negro praticado pelo atual Governo em sua cruzada anticivilizatória.

Bolsonaro jamais escondeu sua postura assumidamente racista. Ainda durante a campanha, chegou a equiparar quilombolas a animais, ao afirmar que seu peso deveria ser medido em arrobas, e prometeu que não demarcaria nem um centímetro de terra para suas comunidades. Questionado sobre sua postura racista, rechaçou a afirmação dizendo que “até tem um amigo negro”.

Nomeado para Fundação Palmares é criticado até pelo próprio irmão

 

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Wadico com o pai, o escritor Oswaldo de Camargo, e o irmão, Sergio Nascimento (Montagem)

O músico e produtor cultural Oswaldo de Camargo Filho, o Wadico Camargo, foi às redes sociais protestar contra a nomeação do irmão, Sergio Nascimento de Camargo, para a presidência da Fundação Palmares, entidade criada para defender e fomentar a cultura e manifestações afro-brasileiras.

“Tenho vergonha de ser irmão desse capitão do mato. Sérgio Nascimento de Camargo, hoje nomeado presidente da Fundação PALMARES”, disse Wadico, no Facebook.

O produtor cultural, que é filho do escritor Oswaldo de Camargo, ainda divulgou um abaixo-assinado em suas redes “pela troca do presidente da Fundação Palmares, Sergio Nascimento”. Ativista do movimento negro, Wadico é idealizador do grupo “A Rede do Samba”.

Filho de colhedores de café analfabetos, o poeta, contista, romancista, pesquisador e jornalista Oswaldo de Camargo, pai de Sérgio e Wadico, aos 83 anos é coordenador de literatura do Museu Afro Brasil.

“Minha militância é na literatura”, disse em entrevista ao site da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Para ele, “o negro não é só vítima do preconceito, também é vítima da indiferença”.

Nomeado presidente da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento é um contraponto na família. Ele é contra o dia da Consciência Negra, já disse que a escravidão foi boa porque negros viveriam em condições melhores no Brasil do que no continente africano.

“Merece estátua, medalha e retrato em cédula o primeiro branco que meter um preto militante na cadeia por crime de racismo”, escreveu o novo presidente da Fundação Palmares.

Para Nascimento, artistas como Gilberto Gil, Leci Brandão, Mano Brown, Emicida são todos “parasitas da raça negra no Brasil”. Em uma postagem nas redes sociais, Sérgio disse que a Fundação agora seguirá os preceitos bolsonaristas. (Revista Fórum)