A crise do PSL e a falta de votos no Senado para aprovar Eduardo Bolsonaro como embaixador nos Estados Unidos fizeram Jair Bolsonaro suspender os planos de indicar o Zero Três para o posto em Washington.
Interlocutores diretos de Eduardo afirmaram que é “zero” a chance de Bolsonaro enviar a indicação em 2019.
A informação foi confirmada com duas fontes, que avaliam que, se sair, a indicação seria mais próxima do fim do mandato do Zero Três, ou seja, em 2022.
No Itamaraty, a notícia da desistência também já vinha circulando. Diplomatas também especulam se Bolsonaro não cumpriria o que disse lá atrás e colocar Eduardo como chanceler no lugar de Ernesto Araújo.
Segundo interlocutores de Eduardo, não existe essa possibilidade. O deputado deverá permanecer na Câmara.
(por Naomi Matsui, Ana Clara Costa e Guilherme Amado)
Esperada como o grande avanço na relação Brasil-Estados Unidos, a viagem presidencial deixou um gosto de frustração para os negociadores brasileiros, que saíram de Washington com poucos avanços nas áreas comercial e agrícola, de acordo com duas fontes ouvidas pela Reuters.
“Se é para avançar desse jeito, melhor até que fique como está’, disse à Reuters uma das fontes envolvida diretamente na tentativa de abrir o mercado americano para novos produtos agrícolas brasileiros.
O Brasil leva para casa o acordo de salvaguardas para uso da base de Alcântara pelos Estados Unidos e outros na área de segurança pública e inteligência, mas não conseguiu nada além de promessas vagas nas áreas que interessavam –uma solução para a questão da exportação de carne in natura e um apoio sem condições à entrada do país na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo.
Ao final da visita, ao lado de Bolsonaro, Trump declarou apoio ao pleito brasileiro mas, na declaração conjunta, o apoio está condicionado ao Brasil abdicar de estar na lista de países com tratamento especial e diferenciado da Organização Mundial do Comércio (OMC). Mais cedo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, havia afirmado que o apoio à entrada na OCDE não podia depender de uma troca.
“Quem está preocupado com uma parceria estratégica somos nós, não eles. Eles estão preocupados com o varejo”, reclamou um dos negociadores brasileiros.
Na prática, o acordo indica que os Estados Unidos poderão lançar satélites e foguetes da base maranhense, embora o território continue sob jurisdição brasileira.
A medida foi formalizada durante solenidade na Câmara Americana de Comércio. Pelo Brasil, assinaram os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia). Jair Bolsonaro acompanhou a assinatura.
Para entrar em vigência, o acordo precisa necessariamente da aprovação do Congresso Nacional.
Acordos
Os acordos assinados entre Brasil e Estados Unidos nesta segunda foram:
Acordo sobre salvaguardas tecnológicas relacionadas à participação dos Estados Unidos em lançamentos a partir do centro espacial de Alcântara e seu guia operacional;
Ajuste complementar entre a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa) dos Estados Unidos e a Agência Espacial Brasileira (AEB) para cooperação na tarefa de pesquisa de observações de previsão de cintilação;
Carta de intenções entre a Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (Usaid) e o Ministério do Meio Ambiente do Brasil.
General Hamilton Mourão (Vice-Presidente do Brasil) sobre fechamento da fronteira e pretensões de Trump em atacar a Venezuela/Foto: Reprodução
247 – Na contramão do discurso beligerante do governo Trump e de seu próprio governo, o vice-presidente Hamilton Mourão diz que o fechamento da fronteira pelo governo venezuelano é uma atitude que não representa qualquer agressão: “O fechamento da fronteira para nós não significa um ato de agressão. A Venezuela tem liberdade para fazer o que quiser”. Mourão defende em que “a questão da Venezuela tem que ser resolvida pelos venezuelanos”, em oposição aberta ao bolsonarismo sob o comando de Trump, que pretendem intervir no país vizinho.
As afirmações foram feitas numa entrevista à agência France Press (AFP), nesta quinta-feira (21). O vice-presidente brasileiro adotou um discurso moderado e conciliador: “Vejo essa reação [o fechamento da fronteira] simplesmente para impedir que ocorra esse processo de ajuda humanitária”. Para ele, a retórica agressiva dos americanos terá muita dificuldade de se transformar numa ação militar: “A ameaça está mais no campo da retórica do que na ação. Seria muito prematuro e fora de propósito os EUA realizarem uma intervenção militar dentro da Venezuela”.
As declarações de Mourão devem criar ainda mais arestas entre ele e o bolsonarismo, pois o governo está agindo freneticamente nos últimos dias em busca de uma confrontação com o governo Nicolás Maduro. Na entrevista ele descartou a possibilidade de Eduardo Bolsonaro ter alguma relevância na política externa brasileira: “O deputado federal Eduardo Bolsonaro foi aos Estados Unidos em um primeiro momento e estabeleceu alguns canais de comunicação. Mas obviamente esses canais informais, vamos dizer assim, acabaram sendo substituídos pelos canais normais da diplomacia”.
E, de maneira taxativa, ele descartou qualquer influência futura dos filhos de Bolsonaro no governo daqui para frente: “Agora vai chegar o momento em que cada um vai entender o tamanho da cadeira dele. A cadeira de deputado federal é uma, a cadeira de senador é outra e a cadeira de vereador é outra”.
Se Mourão tem uma mensagem de paz para a América Latina e a Venezuela, sua entrevista pode ser lida como mais uma declaração de guerra pelo clã Bolsonaro.
Donald Trump (Presidente dos EUA) e Jair Bolsonaro (Presidente do Brasil)/Foto: Reprodução
Segundo a Folha de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro recuou do desejo de autorizar aos Estados Unidos instalarem uma base militar em território brasileiro. A informação teria sido repassada às Forças Armadas por interlocutores próximos do presidente. Um dos motivos foi a repercussão negativa do interesse de Bolsonaro, junto aos generais que são contrários.
Jair Bolsonaro e sua família não escondem a admiração que nutrem pelos Estados Unidos, em especial pelo presidente Donald Trump. Quanto a possibilidade de instalação da base militar norte-americana em território nacional, a informação foi dada pelo próprio Bolsonaro em entrevista ao SBT semana passada, e comemorada pelo governo Americano.
Ao se referir aos EUA o presidente Bolsonaro costuma dizer que seu interesse com o governo norte-americano é “uma questão econômica, mas pode ser bélica também”. Ele também espera com grande ansiedade se encontrar com o presidente Donald Trump, o que pode acontecer ainda este ano.