Ex-ministros da Educação alertam para ‘ameaça’ que governo Bolsonaro representa para o setor

 

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Ex-ministros da Educação José Goldemberg, Fernando Haddad, Renato Janine Ribeiro, Murílio Hingel, Cristovam Buarque e Aloizio Mercadante se reúnem em São Paulo/Foto: Edilson Dantas

(Informações O Globo)

Em nota conjunta divulgada nesta terça-feira, seis ex-ministros da Educação dos governos Fernando Collor, Itamar Franco, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff dizem que a gestão do presidente Jair Bolsonaro vê o setor como uma “ameaça”. Eles criticam os cortes na área e manifestam preocupação com as políticas adotadas atualmente pelo governo federal.

“A Educação se tornou a grande esperança, a grande promessa da nacionalidade e da democracia. Com espanto, porém, vemos que, no atual governo, ela é apresentada como ameaça”, afirma trecho da nota.

Os seis ex-ministros se reuniram nesta terça-feira no Instituto de Estudos Avançados da USP. Participaram do encontro José Goldenberg (governo Collor), Murilo Hingerl (Itamar), Cristovam Buarque (Lula), Fernando Haddad (governos Lula e Dilma), Aloizio Mercadante (Dilma) e Renato Janine Ribeiro (Dilma).

– Apesar das nossas diferenças, das divergências dos governos a que servimos, compartilhamos uma agenda civilizatória no meio ambiente, na Educação, na Justiça, certamente também na Saúde nas Relações Exteriores – afirmou Janine Ribeiro.

Na nota, os ex-ministros também manifestam “grande preocupação com as políticas para a Educação adotadas na atual administração”. Dizem ainda que os contingenciamentos de recursos em áreas como Educação e Saúde, “na magnitude que estão sendo apresentados, podem ter efeitos irreversíveis e até fatais”. “Uma criança que não tenha a escolaridade necessária pode nunca mais se recuperar do que perdeu”, afirma a nota.

Para ex-titulares da pasta, o “consenso pela política de Estado foi constituído por diferentes partidos, por governos nas três instâncias de poder, fundações e institutos de pesquisas, universidades e movimentos sociais ou sindicais”. Afirmam ainda que o governo atua de forma “sectária, sem se preocupar com a melhoria da qualidade e da equidade do sistema, para assegurar a igualdade de oportunidade”.

Na nota, também destacam que os docentes não podem ser submetidos a “nenhuma perseguição ideológica” e que a liberdade de cátedra e livre exercício do magistério são valores inegociáveis do processo de aprendizagem e da relação entre alunos e professores”. “Convidar os alunos a filmarem os professores, para puni-los, é uma medida que apenas piora a Educação, submetendo-a a uma censura inaceitável. Tratar a Educação como ocasião para punições é exatamente o contrário do que deve ser feito. Cortar recursos da Educação básica e do ensino superior, no volume anunciado, deixará feridas que demorarão a ser curadas”, dizem.

– O que estamos vendo é um esforço que não está sendo feito na direção correta. O esforço está sendo em aspectos secundários, tais como filmar professores. São medidas de caráter completamente alheio ao que se entende por Educação. Autonomia dos professores e liberdade de cátedra são questões absolutamente inegociáveis  – afirma Goldenberg, que, além de ministro no governo Colllor, foi reitor da USP nos anos 1980.

Candidato derrotado do PT à Presidência da República no ano passado, Fernando Haddad também criticou a prioridade dos dois ministros da Educação no governo Bolsonaro, Vélez Rodrigues e o atual Abraham Weintraub.

– Estamos no segundo ministro e não se fala de aprendizagem – disse o petista.

– Essa nota divulgada hoje, se soma a outras divulgadas por ex-ministro de outras pastas, igualmente preocupados com o desmonte de setores estratégicos do desenvolvimento nacional –  acrescentou Haddad, em referência a um manifesto semelhante de ex-ministros do Meio Ambiente, no começo do mês

Mercadante defendeu que as diferenças políticas sejam deixadas de lado ao tratar do tema.

– A Educação precisa ser preservada na crise fiscal e econômica e preservada da disputa política e ideológica.

Durante o encontro, Janine Ribeiro lamentou a ausência do ministro Paulo Renato Souza, que comandou a Educação durante o governo Fernando Henrique Cardoso e morreu em 2011. Ele disse que Maria Helena Guimarães de Castro, secretária-executiva na pasta no gestão do tucano, contribuiu com o documento divulgado, mas não aceitou ir ao ato por não ter sido a titular do ministério. Mendonça Filho, ministro no governo Michel Temer, e Cid Gomes, ministro por um breve período no governo Dilma, não responderam ao convite para participarem do encontro.

Os ex-ministros anunciaram que vão criar o Observatório da Educação Brasileira para dialogar com a comunidade acadêmica e científica, parlamentares e gestores. O grupo deve se reunir periodicamente para debater os assuntos da área.

Brasil apresenta redução de 13% de mortes violentas em 2018

 

O Brasil apresentou redução de 13% em mortes violentas em 2018. O levantamento feito com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal, e faz parte do Monitor da Violência em parceria com G1, Núcleo de Estudos da Violência da USP e do Fórum Brasileiro de Segurança.

Foram registrados 51.589 assassinatos no ano passado, ante 59.128 em 2017.Apesar da queda, o número de vítimas ainda é alto. São 24,7 mortos a cada 100 mil habitantes.

Seis estados registraram uma redução superior a 20% no número de mortes violentas.

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Relação completa (a ordem está da maior redução para a menor; os três estados com alta estão no fim da tabela):

Crimes violentos no Brasil

Estado Vítimas de crimes violentos em 2017 Vítimas de crimes violentos em 2018 Variação (em %)
Pernambuco 5.427 4.170 -23,2
Alagoas 1.775 1.376 -22,5
Santa Catarina 1.077 839 -22,1
Acre 530 413 -22,1
Minas Gerais 4.136 3.236 -21,8
Espírito Santo 1.456 1.147 -21,2
Rio Grande do Norte 2.246 1.819 -19,0
Rio Grande do Sul 2.994 2.447 -18,3
Sergipe 1.185 984 -17,0
Mato Grosso do Sul 560 481 -14,1
Maranhão 1.948 1.699 -12,8
Ceará 5.134 4.498 -12,4
Distrito Federal 539 474 -12,1
Rondônia 508 448 -11,8
Bahia 6.321 5.613 -11,2
São Paulo 3.892 3.463 -11,0
Goiás 2.421 2.178 -10,0
Paraná 2.290 2.088 -8,8
Rio de Janeiro 5.622 5.163 -8,2
Mato Grosso 1.053 978 -7,1
Piauí 650 612 -5,8
Amazonas 1.232 1.175 -4,6
Paraíba 1.254 1.210 -3,5
Pará 4.043 3.963 -2,0
Amapá 318 349 9,7
Tocantins 293 421 43,7
Roraima 224 345 54,0

(Informações G1)