Por que Raul Seixas é um dos grandes músicos do Brasil e provoca inveja

Por Julinho Bittencourt

Mito é o Raul Seixas, muito mais do que qualquer outro. Vinte e tantos anos após sua morte, tal qual um beatle tupiniquim, nosso Raulzito ainda faz tremer estruturas. Ele não tem fãs, tem seguidores. E não é à toa. Suas canções, como as de todo grande artista, contam sobre o seu tempo e voam para além.

Não adianta puristas da nossa música, como declarou recentemente o músico Ed Motta, quererem exigir dele, como bem disse Belchior, “uma canção como se deve, correta, branca, suave, muito limpa, muito leve”. Raul é de outra extirpe, veio da Bahia pra fazer rock em São Paulo, na contramão de tudo e todos. E acabou lindamente gravado por Maria Bethânia, com a sua lendária versão para “Gitá”, dele e do então parceiro Paulo Coelho.

A canção, que faz alusão ao Bhagavad Gita, texto sagrado do hinduísmo, caiu como uma bomba vendendo de saída cerca e 600 mil compactos simples – o single da época – e emplacando a trilha de inúmeras novelas. Nela, a maneira de compor de Raul se completa com exatidão: melodia simples, poderosa e bonita, direta, com um texto rico e vibrante.

E assim fez o autor sucessivamente. E pra quem quiser insinuar que o artista viveu na aba do hoje escritor mais famoso do Brasil, basta lembrar, por exemplo “Ouro de Tolo”. A canção, um dos mais contundentes retratos da classe média brasileira, traz a letra do próprio, com melodia que mistura com graça e talento a toada nordestina com o Rock and Roll:  

Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada, cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Três acordes e muito assunto

“Ah, só tem três acordes, a melodia é pobre”. Onde, quando e por quem o rock e seus derivados necessitaram de mais acordes para a sua sobrevivência? Poderia perder o tempo do leitor com inúmeros exemplos de canções de poucos acordes e muita história pra contar. Que Paul McCartney e Jorge Ben Jor não me deixem mentir.

A canção popular prescinde de sabedoria musical erudita. Não que ela não seja bem-vinda, Tom Jobim e Edu Lobo que o digam, mas não é necessária. A história da canção mundo afora é uma prova irrefutável disso. O requinte exigido por puristas traz uma série de regras que a canção do maranhense João do Vale, por exemplo, desmente a todo momento.

Raul construiu a sua obra com intuição e garra. Fez seu voo rasante sobre a nossa história, em plenos anos de chumbo, contando histórias verdadeiras de maneira cortante. Poucos tiveram seu talento e sabedoria. Se autoproclamou o Maluco Beleza e sugeriu com fina ironia aos privatistas de então que o país fosse definitivamente alugado.

Poucos artistas do Brasil – e talvez até do mundo – tiveram tamanha destreza para produzir canções que se eternizaram com tão pouco. Poucos acordes, poucas notas, breves palavras e uma imensidão de efeitos que tocam as pessoas em um primeiro sopro.

Além de toda essa discussão, deixo registrado. Coisa feia criticar assim um colega de profissão, não? Sobretudo um que não está mais aqui pra se defender.

Salve Raul Seixas, viva o compositor popular brasileiro. E quem achar que pode mais que mostre suas armas, enquanto Raulzito pousa em sua sopa.

* Julinho Bittencourt: Jornalista, editor de Cultura da Fórum, cantor, compositor e violeiro com vários discos gravados, torcedor do Peixe, autor de peças e trilhas de teatro, ateu e devoto de São Gonçalo – o santo violeiro.

“..Tem torcida pelo Moro, coisa meio esquisita..”, Dino sobre 3ª via

Da Revista Fórum

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), foi entrevistado nesta terça-feira, dia 14, no programa Fórum Onze e Meia.

Ele tratou basicamente sobre o pleito político eleitoral de 2022, com destaque para Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato e ministro de Bolsonaro, pré-candidato a presidência pelo PODEMOS.

Dino analisou a “3ª via” e a classificou como amontoada de gente com sinal claro de debilidade.

“A dita terceira via tem duas dificuldades hoje. Uma é a fragmentação e a outra é uma falta de identidade nítida. Não há coluna vertebral que sustente isso. Tem muita torcida pelo Moro, uma coisa meio esquisita (..) Por isso que eu acho que essa turma – e eu excluo o Moro um pouco disso – deve tentar se afirmar, o Doria, o Ciro, a Simone Tebet. É bom pro Brasil, pra democracia brasileira, porque esse espírito que encostou no Bolsonaro, e agora encosta no Moro, já mostrou que isso não vai dar certo. Então espero que esses outros consigam se afirmar”, disse Dino.

Lula chama ministro da Educação de Bolsonaro de mal-educado e analfabeto

 

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Ministra da Educação Abraham Weintraub/Foto: Reprodução

Na entrevista a Revista Fórum o ex-presidente Lula bateu forte na política educacional do governo Bolsonaro, que tem frente o controverso olavista Abraham Weintraub, por tratar a educação como um gasto e não como investimento.

“… quantos de trilhões os Estados Unidos têm de financiamento de bolsa. Agora, aqui no Brasil eles tratam educação como gasto. E colocam um analfabeto para ser ministro da Educação. Não um analfabeto preparado como eu. Porque eu, sinceramente, não troco o meu diploma primário pelo diploma universitário daquele cidadão. Porque além de ser ignorante, ele é grosseiro”, disse Lula.

Lula chama Sérgio Moro e Deltan Dallagnol de chefes de quadrilha

 

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Foto: Reprodução

Mais uma entrevista com o ex-presidente Lula que ainda está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba será exibida no Youtube nesta quinta-feira (19), às 21h. A entrevista foi concedida à Revista Fórum e o Operamundi. 

Entre os vários temas Lula falou sobre as revelações da Vaza Jato. Para ele, os indícios de praticas ilegais denunciados pelo The Intercept Brasil prova o que sua defesa já vinha denunciando em relação a conduta do ex-juiz da Lava Jato e Deltan Dallagnol, para os dois são ‘chefes de quadrilha’.