TV Cidade, afiliada da Record em Bacabal é invadida e incendiada

Um atentado contra a liberdade de imprensa foi registrado na madrugada desta quinta-feira (26), em Bacabal. A TV Cidade, afiliada da TV Record no município, foi invadida e incendiada por homens, que chegaram à emissora armados e carregando um galão com líquido inflamável.

O vídeo dos momentos de terror vividos na TV Cidade está circulando em redes sociais e aplicativos. É possível ver os homens arrombando o portão, entrando na emissora, jogando o líquido nos equipamentos e ateando fogo.

Por pouco a tragédia não foi maior. Um vigia e um repórter estavam no local, foram rendidos, e saíram sem ferimentos. No vídeo, é possível ver uma pessoa rastejando, sendo puxada por um dos bandidos.

A suspeita da direção da emissora é que, como estamos em período eleitoral, o crime contra a liberdade de expressão tenha cunho político, objetivando aterrorizar e intimidar o apresentador Israel Braga, do programa Alerta Geral.

A motivação seriam as denúncias recorrentes contra o ex-gestor de Bom Lugar e atual candidato a prefeito de Bacabal, Marcos Miranda (União). Outro motivo apontado seria a veiculação de pesquisa de intenção de votos que aponta a derrota do candidato nas eleições de outubro.

O apresentador Israel Braga, inclusive, publicou o vídeo em rede social, expondo essa linha de pensamento:

“Marcos Miranda manda invadir a TV Cidade e tocar fogo em nossos equipamentos. Homens armados renderam nossos funcionários e promoveram momentos de terror. Lamentável tudo isso acontecendo em nossa cidade. Estamos com técnicos trabalhando nesse exato momento pra restabelecer o sinal local da Record. Equipamentos reservas estão sendo alocados para garantir o funcionamento da emissora.”

O ataque deixou vários equipamentos da emissora danificados. A equipe técnica fez a limpeza e está trabalhando para que a TV Cidade volte ao ar. Os bandidos conseguiram fugir do local após o ato criminoso.

Policiais militares estiveram na TV Cidade e o Polícia Civil investiga o caso.

‘Operação Capitu’ da PF volta prender acusados de corrupção

Do Congresso em Foco

O empresário Joesley Batista foi preso na manhã desta sexta-feira (9) na operação Capitu, desdobramento da Operação Lava Jato deflagrada pela Polícia Federal (PF). O vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB), um deputado estadual mineiro e um deputado federal eleito por Minas Gerais também foram presos nesta manhã

A operação investiga um suposto esquema de corrupção que atuava no ministério da Cultura e na Câmara dos Deputados entre 2014 e 2015, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e cumpre 63 mandados de busca e apreensão e 19 mandados de prisão temporária em Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Paraíba e Mato Grosso.

Além de Joesley e do vice-governador mineiro, também foram presos o deputado estadual João Magalhães (MDB), o deputado federal eleito Neri Geller (PP-MG), que foi ministro da Agricultura entre março e abril de 2014, os executivos da JBS Ricardo Saud e Demilton de Castro, três advogados e o ex-secretário de defesa Agropecuária Rodrigo Figueiredo. Eles são acusados de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, participação em organização criminosa e obstrução de Justiça.

A operação tem origem na delação premiada de Lucio Funaro, apontado como operador de propinas do MDB. O esquema, segundo as investigações, envolvia pagamento de propinas a políticos do MDB para favorecer a JBS. As propinas, que chegam a pelo menos R$ 7 milhões, eram entregues por Funaro.

Segundo o jornal O Globo, Funaro afirmou na delação que os empresários da JBS teriam pago R$ 2 milhões para conseguir a regulamentação da exportação de miúdos e despojos bovinos e mais R$ 5 milhões para conseguir a proibição de um veneno de longa duração chamado ivermectina.

A PF também apura se o grupo empresarial também financiou, com R$ 30 milhões, a campanha de Eduardo Cunha (MDB-RJ) para a presidência da Câmara, em 2015. Em contrapartida, os interesses da JBS seriam atendidos no ministério da Agricultura. O pagamento, segundo as investigações, teria sido feito por meio de depósito em contas de seis escritórios de advocacia e repassado aos destinatários reais. Para justificar o dinheiro, os escritórios emitiram notas fiscais frias, sem a prestar serviços.

A PF também apura o envolvimento de uma rede de supermercados de fazer parte do esquema. A função da rede varejista era repassar valores ilícitos em espécie e em doações de campanha. As doações “oficiais” nas eleições de 2014 feitas por empresas ligadas à rede chegam a cerca de R$ 8,5 milhões.

Joesley Batista já havia sido preso no ano passado, quando a Procuradoria-Geral da República decidiu revogar o acordo de delação premiada por omissão de informações. Ele também foi alvo de pedido de prisão por usar informações privilegiadas. O empresário estava em liberdade desde março deste ano.

A operação da PF foi autorizada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. A Polícia Federal batizou a operação com o nome da personagem do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis. Na obra, Capitu é acusada de trair Bentinho e é descrita como dissimulada.