Sérgio Mouro, Ministro da Justiça/Foto: Reprodução
O Brasil está estarrecido com a recente publicação de um dos mais importantes jornais deste país, a Folha de S.Paulo, denunciando a prática de crime de violação de sigilo funcional previsto no artigo 325 do Código Penal.
Pelo que se constata desse extraordinário furo de reportagem estamos diante de um verdadeiro caso de Impeachment do Ministro da Justiça, divulgado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro e, pasmem, confirmado pelo próprio Ministério de Justiça, comandado pelo outrora todo poderoso chefe da força-tarefa da “lava jato”, o ex-juiz Sergio Moro.
Com base na matéria publicada nesta sexta-feira (5), pela revista Veja que traz diálogos inéditos envolvendo o ex-juiz Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e membros da Lava Jato, o ex-juiz federal e governador do Maranhão, Flávio Dino, voltou a criticar Moro e a operação Lava Jato.
Para Dino, é muito grave o que foi publicado sobre a Lava Jato. O processo não só transcorreu de forma parcial, mas não teve juiz ‘é mais grave do que desequilibrar a balança, ela simplesmente não existia’, disse o governador do Maranhão.
Faustão (apresentador da Rede Globo) aconselhou Sérgio e os procuradores a utilizarem uma linguagem mais simples/Foto: Reprodução
Os novos diálogos revelados pela Veja do escândalo da Lava Jato atiram de vez a operação no terreno do pastelão trágico, categoria em que o Brasil é especialista:
As conversas entre membros do Ministério Público Federal assumem várias vezes o tom de arquibancada, com os membros da força-tarefa vibrando e torcendo a cada lance da batalha contra os inimigos. Em 13 de julho de 2015, Dallagnol sai exultante de um encontro com o ministro Edson Fachin e comenta com os colegas de MPF: “Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso”.
A preocupação da força-tarefa com a comunicação para a opinião pública era constante. Em 7 de maio de 2016, Moro comenta com Dallagnol que havia sido procurado pelo apresentador Fausto Silva.
Segundo o relato do juiz, o apresentador o cumprimentou pelo trabalho na Lava-Jato, mas deu um conselho: “Ele disse que vcs nas entrevistas ou nas coletivas precisam usar uma linguagem mais simples.
Para todo mundo entender. Para o povão. Disse que transmitiria o recado. Conselho de quem está a (sic) 28/anos na TV. Pensem nisso”. Procurado por VEJA, Fausto Silva confirmou o encontro e o teor da conversa entre ele e Moro.
O Papa Francisco postou um vídeo no twitter nesta quinta-feira (4), que rapidamente viralizou. Nele o pontífice alerta para responsabilidade nas decisões daqueles que julgam e decidem em nome da Justiça.
“Dos juízes dependem decisões que influenciam os direitos e os bens das pessoas.
Sua independência deve ajudá-los a serem isentos de favoritismos e de pressões que possam contaminar as decisões que devem tomar. Os juízes devem seguir o exemplo de Jesus, que nunca negocia a verdade.
Rezemos para que todos aqueles que administram a justiça operem com integridade e para que a injustiça que atravessa o mundo não tenha a última palavra.”
O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA), questionou a líder do governo Bolsonaro na Câmara, Joice Hesselmann (PSL-SP), após ela informar que vai processar, o também deputado, Glauber Braga (PSOL-RJ), que chamou Sérgio Moro de ‘juiz ladrão’.
“A Joice Hasselmann anuncia processo contra o Glauber Braga por chamar o Moro de juiz ladrão, numa metáfora bem apropriada ao futebol. Mas outro dia a Joice Hasselmannn pediu a absolvição de um correligionário que chamou o ex-governador Alckmim de ‘assassino de policiais’”, disse Jerry no twitter.
Durante sessão conjunta da Câmara e Senado Federal, quarta-feira (3), Glauber Braga, voltou chamar Moro de ‘juiz ladrão’, e disse ainda que não teme ameaças dos aliados de Sérgio Moro e Jair Bolsonaro, e não recuará da sua opinião.
Ministro da Justiça, Sérgio Moro, que aderiu discurso ‘messiânico’ para manter apoio das ruas/Foto: Reprodução
De acordo a Coluna Painel da Folha de SP, as manifestações do domingo (30), em apoio a Sérgio Moro e ao governo Bolsonaro foram avaliadas como significamente abaixo da anterior. Outro aspecto, foi a adesão do discurso ‘messiânico’ pelo ex-juiz da Lava Jato.
Governadores, Membros de Cortes Superiores e dirigentes de partidos acompanharam atentamente as manifestações e a opinião geral foi basicamente a mesma. Apesar de comemorar, o governo sabe que o apoio de antes não é o mesmo e deverá adotar estratégia para tentar manter grande parte das ruas ao seu lado.
Flávio Dino, governador do Maranhão/Foto: Reprodução
O ex-juiz federal e governador do Maranhão, Flávio Dino, mandou um recado através do twitter neste domingo (30), ao ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro denunciado pelo The Intercept Brasil e outros setores da imprensa de cometer irregularidades e conduzir a Lava Jato com objetivos políticos e pessoais.
“Eu vejo, eu ouço. Agressões contra o Congresso Nacional e o Supremo, pedidos de “intervenção militar”, tentativas de desqualificar a liberdade de imprensa, defesa de ilegalidades absurdas e abjetas, brigas fascistas. É só uma questão de abrir bem os ouvidos para ouvir certinho”, destacou Flávio Dino.
A postagem de Flávio Dino foi motivada pela manifestação de Sérgio Moro também no twitter, para as pessoas que foram às ruas hoje em apoio a ele e o governo Bolsonaro.
“Eu vejo, eu ouço, eu agradeço. Sempre agi com correção como juiz e agora como Ministro. Aceitei o convite para o MJSP para consolidar os avanços anticorrupção e combater o crime organizado e os crimes violentos. Essa é a missão. Muito a fazer”, disse Sérgio Moro .
Neste domingo, a Folha de SP, em parceria com The Intercept Brasil divulgou que empreiteiro da OAS, Léo Pinheiro, só passou ter importância para Lava Jato quando decidiu incriminar Lula no caso do Triplex do Guarujá. Está semana Sérgio Moro deve voltara ao Congresso prestar explicações sobre as denuncias contra ele e a Lava jato.